quinta-feira, setembro 02, 2010

“Paisagem Caída”

Uma velha senhora sentada no banco do seu jardim corta a relva com os olhos, dá milho aos pardais que esvoaçam ternos, em chilreios cálidos de Outono.

Acende-se uma vela, o frio abranda e lá ao longe na janela surge o gato cinza, calmo, pachorrento e adormece banhado pelos últimos raios do sol antes que a lua surja no horizonte.

Há pessoas na praça que nada enxergam

Apenas resistem, apenas sossegam, pois nada lhes assiste, nada as desperta.

De que estão à espera?

Que o galo cante na sua varanda, sem rolha no bico, sem asas nem crista?

Que coisa mais feia, que coisa mais triste

Depois se admiram quando a sua prole desiste.

No coreto, de verde tingido, já não há trompa nem clarinete

O som apagou-se, nada resiste.

No lago dos cisnes o lodo já surge,

Os patos se foram, o leão já não ruge

De olhos caídos no chão ferrugento, nas folhas tombadas pela força dos ventos

Sai daí cobra, mostra os teus lamentos.

Nos tempos de outrora, quem sabe, quem prova?!

Na fúria do tempo que tudo adormece, que tudo esquece

O que nos irá restar?

As lágrimas caídas, os risos abertos, as palavras ternas, os conhecimentos,

Apenas e só…

Sentimentos.

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