segunda-feira, março 21, 2016

“Momentos Rasgados”

Depois de pensar, pensei
Que de nada vale pensar
Se tudo é passageiro,
Para quê preocupar?!
Sinto que anos passados
Sem entender os porquês
Revelaram muitos segredos
Mas sobram tantos “talvez”.
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Talvez um dia te percas
Ou te encontres num futuro
Mas não te desesperes
Podes sempre saltar o muro.
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As lágrimas que vejo, lá ao longe,
Correndo nos penedios
Carregam cores das cerejas
Enfrentam mil desafios.
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 Oh! Vilã tristeza,
Oh! Imortal cantaria
Rabisca com subtileza
Nas franjas da tua alegria.
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sábado, março 19, 2016

“Título Inverso”

Recessos de marcas invisíveis
Silenciosas, sensíveis
Que nunca serão lidas
Quanto mais sabidas!
Podem esperar por elas
Que nunca aparecerão
Mesmo que as procurem
Elas nunca se manifestarão
Estão escondidas
Num lugar deserto
Sem mapa de acesso
A salvo de qualquer invasão.
São memórias pessoais
Cheias de gritos, de ais
Impossíveis de alcançar
Porque não as podem espreitar
Não têm espelhos para mirar
Nem reflexos que possam observar
Estão distantes no tempo, no espaço
Só as sente quem lhes der um abraço
“As lágrimas Que Nunca Verão”
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“Sinto no silêncio”


A mente dormente
Palavras não saem
Saudades, sim
Saudades, não
Sou o que sou
Deste-me a mão
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sexta-feira, setembro 11, 2015

“Infestação II”

Sinto os efeitos nefastos
Dos silêncios perturbadores
Nos meus pensamentos
Sinto o cheiro dos sulfitos
Nas palavras podres que leio
Adormeço nas luzes das trevas
Que embalam meus sonhos distantes
Desperto com os sons estridentes
Das gralhas que soletram, letra a letra
As músicas desconcertadas das sinfonias
Que diariamente nos assolam os pomares de rosas
Com picos de cardos, malcheirosas
       Infestadas de bichos peçonhentos
                            Aves agoirentas de bicos retorcidos, encardidos
Que esgravatam, bicam, picam,
Destroem, desertificam
        Sangues putrefactos que envenenam,
        Que sugam as linfas, os néctares puros.
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“Infestação I”

Canta o galo no poleiro
Há pulgas no galinheiro.
Dona Xica lá vai ela
Puxa o cão com a sua trela.

Comichão aqui, comichão ali
Rapa o pêlo em frenesim.
Fica a pôpa a descoberto
O gato foge, armado em esperto.
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“O Frio e a Zaragata”



 Era de madrugada
Ninguém saía nem entrava
Do porão do navio
Não se sentia o frio.

O calor era voraz
Num instante assou o goraz
Que não soube a safio
E este não estava frio.

De uma só penada
Entre o copo e a garfada
Rebentou um salsichão.

Houve muita zaragata
Apertaram o pescoço à gata
Rolou tudo pelo chão.
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quinta-feira, maio 07, 2015

“Pingos de vida”



Banhas o meu corpo com teu ar doce, salgado
Mesmo sabendo que o teu sangue está envenenado
Antes de até mim chegares, de me aconchegares
Com a tua corrente cristalina
Onde o sol se reflecte a cada esquina do teu amanhecer
Quando livre deslizas no teu leito encantado, serpenteado
Soltas pingos e limpas o ar que respiro
Cheiros inodoros penetram cada poro quando te aspiro
Teus sucos são bênçãos nos meus áridos desertos
Quando te absorvo de um trago ou suavemente
Semeias cor, dás vida a cada célula que tocas, renovas
Invernos gelados, Primaveras de tempestades aguadas
Absorvidas pelo raio de calor que te aquece e ilumina
Mergulho por entre as tuas gotas, molhadas
Sinto-te nos dedos quando acordo e te toco, orvalho matinal
Atravesso o nevoeiro profundo onde ecoam os teus sons suaves
Ouço o teu gemido, o teu grito de apelo:
Áááguuua! Ááááááguuuuuuaaaa!
E mais longe ainda, do fundo do poço
Áááguuuuaaa!
Eu sou, ÁGUA!
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segunda-feira, abril 13, 2015

“Beijo”

Beijo na mente as flores no caminho que por mim passam
Beijo no coração as espadas que me ferram
Beijo nas mãos o carinho que perpassa nas correntes
Beijo na alma o vento, o sol, a chuva, a terra
Beijo a ardência dos dias na sua sequência infinda
Beijo o que me rodeia, o que me preenche
Beijo
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sexta-feira, março 20, 2015

“Um Galo”



Cai e levanta
Cai e levanta
Arrasta-se pelo chão
Um galo canta
A canção do bandido
E ela arrasta-se
Levanta, não levanta
E o galo canta
Não há galinhas a cacarejar
Nem portas a rebentar
E o galo canta
E a mula a zurrar
E ela se levanta
Com picos na garganta
Os olhos a chorar
Ri e pergunta ao galo:
P’ra quê chatear?
Eu sei que vai curar
E tu,
Tu vais parar de piar
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segunda-feira, janeiro 12, 2015

“Paixão da Lágrima”

Corta-se-lhe o coração, a veia
Porque se enamorou da faca matreira.
Uma lágrima corre, a face cora
É uma que cebola chora.

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Soltas-te leve,
Doce, Amarga
De um cheiro intenso que me assolou,
Que me arrebatou.
E rolaste sem chão
Inundaste os meus socalcos
Desenhados pelo tempo
Expressões impregnadas de vida
Marcas de risos, tristezas, indecisões.
Continuarás a rolar
Sempre que ela ali estiver,
À minha frente
Em cada momento
Que o gesto se repita.
Não estou aflita
Porque gosto que descubras
O sabor que ela tem
Fica sempre bem!
Ela chama por ti
Com espirros atrevidos
Que por ti não serão ouvidos.
Sentes a sua presença
Espreitas pelas janelas,
Fechas as cortinas
Esgueiras-te do teu esconderijo
Vens saudá-la, elogiá-la.
Ela espera por ti, quer o teu afago
O teu sabor salgado
O petisco será temperado.
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