quinta-feira, maio 07, 2015

“Pingos de vida”



Banhas o meu corpo com teu ar doce, salgado
Mesmo sabendo que o teu sangue está envenenado
Antes de até mim chegares, de me aconchegares
Com a tua corrente cristalina
Onde o sol se reflecte a cada esquina do teu amanhecer
Quando livre deslizas no teu leito encantado, serpenteado
Soltas pingos e limpas o ar que respiro
Cheiros inodoros penetram cada poro quando te aspiro
Teus sucos são bênçãos nos meus áridos desertos
Quando te absorvo de um trago ou suavemente
Semeias cor, dás vida a cada célula que tocas, renovas
Invernos gelados, Primaveras de tempestades aguadas
Absorvidas pelo raio de calor que te aquece e ilumina
Mergulho por entre as tuas gotas, molhadas
Sinto-te nos dedos quando acordo e te toco, orvalho matinal
Atravesso o nevoeiro profundo onde ecoam os teus sons suaves
Ouço o teu gemido, o teu grito de apelo:
Áááguuua! Ááááááguuuuuuaaaa!
E mais longe ainda, do fundo do poço
Áááguuuuaaa!
Eu sou, ÁGUA!
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