Banhas o meu corpo com teu ar doce,
salgado
Mesmo sabendo que o teu sangue está
envenenado
Antes de até mim chegares, de me
aconchegares
Com a tua corrente cristalina
Onde o sol se reflecte a cada esquina
do teu amanhecer
Quando livre deslizas no teu leito
encantado, serpenteado
Soltas pingos e limpas o ar que
respiro
Cheiros inodoros penetram cada poro
quando te aspiro
Teus sucos são bênçãos nos meus
áridos desertos
Quando te absorvo de um trago ou
suavemente
Semeias cor, dás vida a cada célula
que tocas, renovas
Invernos gelados, Primaveras de
tempestades aguadas
Absorvidas pelo raio de calor que te
aquece e ilumina
Mergulho por entre as tuas gotas,
molhadas
Sinto-te nos dedos quando acordo e te
toco, orvalho matinal
Atravesso o nevoeiro profundo onde
ecoam os teus sons suaves
Ouço o teu gemido, o teu grito de
apelo:
Áááguuua! Ááááááguuuuuuaaaa!
E mais longe ainda, do fundo do poço
Áááguuuuaaa!
Eu sou, ÁGUA!
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