terça-feira, junho 19, 2007


"Poema para Neruda"
Tempo de saudades
Das palavras e verdades
No alto ao meu redor
Vislumbro asas brancas
Vão, voem para Paris
Suplico-vos
Busquem o meu amigo
Aquele de nome Neruda
Abordem-no com carinho
Vistam-lhe traje de gala
Carreguem-no de mansinho
Até aportar na ilha
Aquele que dá ânimo, luz
À alma da minha sala.

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sábado, junho 09, 2007

Um novo espectáculo


É um espectáculo para os obreiros anónimos dos Direitos Humanos e para os milhões de vítimas do seu incumprimento. Como na obra poética de Ângela Almeida, procuramos deixar aqui o nosso grito, a nossa indignação, estamos aqui para dizer que estamos de luto porque mataram a humanidade.Pergunto-me: quem sou eu? Nasci num barco em alto mar, nasci em África, Ásia, Europa e América, sou apátrida, errante, miro-me no espelho da memória, olho-me e vejo uma mulher com marcas deixadas pelo tempo e pelos acontecimentos. Viajo continuamente em busca de um pedaço de terra e alimento-me dela, profundamente me enraízo nela, buscando a força e a seiva de que me nutro. Não tenho idade, procuro um lugar onde haja amor, paz, serenidade, alegria, onde não exista ódio nem rancor. É uma busca constante, por uma terra rodeada pelo mar cálido e sereno, repleta de cores, cheiros e sabores que ficam para sempre dentro de nós, onde se vive com simplicidade e liberdade.Tenho a sabedoria apreendida da terra, da água, do fogo e do ar. Na minha pele correm todos os líquidos que ela absorve, todos os choros, todas as mortes. Sou andarilha, pertenço a todos os lados, os meus olhos absorvem já toda a glória e todas as misérias do MundoPosso ser alegre e bem disposta, apaziguar os corações solitários, carentes de afecto. Posso deixar um rasto de amor, paz, felicidade, conforto interior. Posso partir, ficar, partir para não mais voltar, sobreviver, lutar, rasgar os horizontes, cumprir destinos inconformados com a pequenez desse mundo em transformação. Posso semear grãos para que cresçam, floresçam, se desenvolvam e reproduzam para dar lugar à terra que busco.Vim para indicar o caminho da verdade interior. O amor corre-me nas veias. Por isso, sofro todas as dores e rio todas as alegrias. Sou cigana, sacerdotisa do tempo, sou desterrada, sou uma voz, um grito, sou mulher!Um encontro feliz dos “ditirambus” com a beleza da poesia insular e ao mesmo tempo universal de Ângela - da poesia com a dramaturgia: a arte de bem dizer.

Ficha Técnica
Texto original
Ângela Almeida

Adaptação e Encenação
Onivaldo Dutra

Elenco
Manuela Gomes, Lurdes Castanheira, Cátia Correia e Céu Neves

Cenário, Banda Sonora, Desenho de Luz
Onivaldo Dutra

Figurinos e Adereços
Céu Neves

Operador de Som
António Valente

Operador de Luz
Pedro Araújo

Art Design
J. Canadinhas / Marco Mascarenhas

Realização
Ditirambus – Associação Cultural e Pesquisa Teatral

Local
Teatro Ibérico – Rua de Xabregas, 54 – Beato – Lisboa

Reservas
218128528 / 919097077 / 218682531

Classificação M/12

segunda-feira, junho 04, 2007


“Tempo de Liberdade”
Andava eu por aqui
A mexer nos meus pedaços
Reparei logo ali
Num que estava ofuscado.
Era um conto fugaz,
Muito tonto e envergonhado
Que fora escrito à pressa
Num dia muito aziago
Em que a força esmaece.
Reli as breves palavras,
Relembrei dias alegres
Brotaram sorrisos soltos e,
De mãos abertas recebi
Como dádivas bem merecidas
Notícias vindas de longe.
Vieram à mente os sonhos
Que andavam arredios
No meio da escuridão
Que mos tinha entorpecido.
Como é bom ter esperança,
Acreditar no futuro,
Mesmo que só em lembrança
O mundo fica mais puro.
Os olhos vêem mais claro
O que estava escondido
Beleza num conto gravado
Num papel descolorido
Relata a continuidade dum tempo
Em que nada foi perdido
Feito de turbulências, irreverências,
Futilidades, responsabilidades
Forças e persistências
Que se tornam liberdade.

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