E, quando menos se esperava
Sumiu, evaporou-se
Ninguém deu por nada
Ninguém se lamentava
Ela apenas se recordava.
Sentada num canto no seu espaço
As lágrimas vertia
Ninguém sabia como sofria, como chorava
Como tinha a alma dilacerada,
Feita em farrapos.
Azedume pela vida não tinha.
Dentro de si a esperança vivia
Fazia-se presente a cada instante.
Contudo, no meio de todos, no centro do nada
Ela nada revelava, apenas sentia
A dor que pairava
Que a amordaçava, esfrangalhava.
Olhava as plantas, as flores a crescer
O mar nas muralhas a bater
O sol a raiar.
Ouvia a música que pairava no ar
Como se mais nada existisse
E se partisse? ...
Inteira ou aos pedaços
Com máscara como os palhaços
Que por fora riem e por dentro se estilhaçam.
Nas brumas dos dias cinzentos
Nas trevas dos sonhos adormecidos
Ela paira suspensa por fios
Arrebatada pelas dores causadas, sentidas
Ela caminha por lugares desconhecidos
Em busca da vida prazenteira
Que em tempos experimentou.
E se alguma coisa restou
Foi o amor pela vida
Pelo doce, amargo, apimentado
Ou até mesmo diria… salgado.
E de tudo quanto de si deu
Uns dirão muito, outros dirão nada.
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