quarta-feira, dezembro 08, 2010

“Da Cor do Tempo”


E, quando menos se esperava

Sumiu, evaporou-se

Ninguém deu por nada

Ninguém se lamentava

Ela apenas se recordava.

Sentada num canto no seu espaço

As lágrimas vertia

Ninguém sabia como sofria, como chorava

Como tinha a alma dilacerada,

Feita em farrapos.

Azedume pela vida não tinha.

Dentro de si a esperança vivia

Fazia-se presente a cada instante.

Contudo, no meio de todos, no centro do nada

Ela nada revelava, apenas sentia

A dor que pairava

Que a amordaçava, esfrangalhava.

Olhava as plantas, as flores a crescer

O mar nas muralhas a bater

O sol a raiar.

Ouvia a música que pairava no ar

Como se mais nada existisse

E se partisse? ...

Inteira ou aos pedaços

Com máscara como os palhaços

Que por fora riem e por dentro se estilhaçam.

Nas brumas dos dias cinzentos

Nas trevas dos sonhos adormecidos

Ela paira suspensa por fios

Arrebatada pelas dores causadas, sentidas

Ela caminha por lugares desconhecidos

Em busca da vida prazenteira

Que em tempos experimentou.

E se alguma coisa restou

Foi o amor pela vida

Pelo doce, amargo, apimentado

Ou até mesmo diria… salgado.

E de tudo quanto de si deu

Uns dirão muito, outros dirão nada.

Copyright © 2010 by MCéuNeves

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