quinta-feira, dezembro 09, 2010

“Ruínas da Alma”

Em ruínas está o corpo

Em ruínas a mente está

E no meio de tantas ruínas

A alegria por onde andará?!

No meio de tanta pedra

Sinto a casa a ruir

E com tanta tristeza no peito

Só me apetece fugir.

Fugir sem nada dizer

Do muito que me vai na alma

Escrever é o que posso fazer

Para poder ficar mais calma.

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quarta-feira, dezembro 08, 2010

“Da Cor do Tempo”


E, quando menos se esperava

Sumiu, evaporou-se

Ninguém deu por nada

Ninguém se lamentava

Ela apenas se recordava.

Sentada num canto no seu espaço

As lágrimas vertia

Ninguém sabia como sofria, como chorava

Como tinha a alma dilacerada,

Feita em farrapos.

Azedume pela vida não tinha.

Dentro de si a esperança vivia

Fazia-se presente a cada instante.

Contudo, no meio de todos, no centro do nada

Ela nada revelava, apenas sentia

A dor que pairava

Que a amordaçava, esfrangalhava.

Olhava as plantas, as flores a crescer

O mar nas muralhas a bater

O sol a raiar.

Ouvia a música que pairava no ar

Como se mais nada existisse

E se partisse? ...

Inteira ou aos pedaços

Com máscara como os palhaços

Que por fora riem e por dentro se estilhaçam.

Nas brumas dos dias cinzentos

Nas trevas dos sonhos adormecidos

Ela paira suspensa por fios

Arrebatada pelas dores causadas, sentidas

Ela caminha por lugares desconhecidos

Em busca da vida prazenteira

Que em tempos experimentou.

E se alguma coisa restou

Foi o amor pela vida

Pelo doce, amargo, apimentado

Ou até mesmo diria… salgado.

E de tudo quanto de si deu

Uns dirão muito, outros dirão nada.

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"As Tracinhas Dançarinas"






Este texto, da autoria de Célia Figueira, conta-nos a história de um menino que, como tantos outros que conhecemos, não gostava de ler... Mas, também, fala de livros que passam de mão em mão e de outros que ficam nas prateleiras "saboreados" apenas pelas Tracinhas que, além de graciosas, dançam e cantam e, com isso, ilustram como lidam com os preconceitos que surgem quando uma delas, a "Zinga", sofre consequências por ser "diferente" das outras.

FICHA TÉCNICA
Texto e Encenação: Célia Figueira
Coreografias: Célia Figueira e Marco Mascarenhas
Cenografia: Célia Figueira e Paulo Miranda
Iluminação e som: Rodrigo Lima
Sonoplastia: Eddy Cabral
Figurinos: Paulo Miranda

Elenco
Daphne Rego, Pedro Santana, Joana Lourenço, Sérgio Coragem,
Céu Neves, Craig Edgley, Svetlana Zamora

Temporada
De 13 de Novembro a 18 de Dezembro de 2010
Sábados às 16h00

quinta-feira, setembro 02, 2010

“Paisagem Caída”

Uma velha senhora sentada no banco do seu jardim corta a relva com os olhos, dá milho aos pardais que esvoaçam ternos, em chilreios cálidos de Outono.

Acende-se uma vela, o frio abranda e lá ao longe na janela surge o gato cinza, calmo, pachorrento e adormece banhado pelos últimos raios do sol antes que a lua surja no horizonte.

Há pessoas na praça que nada enxergam

Apenas resistem, apenas sossegam, pois nada lhes assiste, nada as desperta.

De que estão à espera?

Que o galo cante na sua varanda, sem rolha no bico, sem asas nem crista?

Que coisa mais feia, que coisa mais triste

Depois se admiram quando a sua prole desiste.

No coreto, de verde tingido, já não há trompa nem clarinete

O som apagou-se, nada resiste.

No lago dos cisnes o lodo já surge,

Os patos se foram, o leão já não ruge

De olhos caídos no chão ferrugento, nas folhas tombadas pela força dos ventos

Sai daí cobra, mostra os teus lamentos.

Nos tempos de outrora, quem sabe, quem prova?!

Na fúria do tempo que tudo adormece, que tudo esquece

O que nos irá restar?

As lágrimas caídas, os risos abertos, as palavras ternas, os conhecimentos,

Apenas e só…

Sentimentos.

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quarta-feira, julho 28, 2010

"Céu Neves"


Mãe não sou, não fui nem serei.

Mãe eu sinto dentro de mim

Tão fundo!...

Como se algum dia o tivesse sido

Sentido, criado e,

...Mesmo sem ter gerado,

Eu acredito

Nas lágrimas saídas

Nas distâncias percorridas

Nos sorrisos, nas partilhas

Nos pesares, nas aflições

De todos os corações

Que sempre tão alto gritam.

Sou Mulher, sou filha, sou tia

Sou de todos e de ninguém

Sobretudo sou Eu

A mim pertenço

A mais ninguém

Dou, dei e sempre darei

O que todas as mulheres têm

E que tão bem sempre sabem dar

Amor.

Só não sabem o que é sentir

As lágrimas de quem não foi

De quem sempre tem que ouvir,

Calar,

Apenas chorar

Apenas e só sentir

Apenas e só sorrir

Viver.

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sexta-feira, maio 21, 2010

"Saudades"


Saudades
Surpresas
Encantos
Muralhas
Garrafas
Partidas
Romances
Mortalhas
Enganos
Sarilhos
Tormentos
Canalhas
Sementes
Perdidas
Saudades
Orvalhos.

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domingo, abril 04, 2010

“Uma Cantiga”



Eu nasci de um pedregulho

Era bem noite cerrada

Assim que o sol nasceu

Devia ser madrugada

Logo a lua se escondeu

Foi uma grande pedrada

Dei meia volta na cama

Para ver o que acontecia

Encontrei o Jesus Cristo

Com a sua mãe, a Maria.

Estendi meus pequenos braços

Balancei minhas pernocas

Levei sorrisos, abraços

Sonhei que vi mil minhocas

Lá ao longe uma fogueira

Queima troncos ressequidos

Sai a água da torneira

Para aquietar meus bramidos

Fui embrulhada em farrapos

Negros, brancos de veludo

Tão macios eles eram

Deviam ser bem peludos.

Com teias se fazem brincos

De corações apertados

Há laços que ficam juntos

Tão doces e tão amargos

Rebuçados a cair

De uma janela aberta

Há que fazê-los subir

Como sobe a labareda.

Aqui expus as entranhas

De um sapo roedor

São tamanhas as façanhas

Ai Jesus nosso Senhor

De onde é que isto surgiu

Não interessa, não quero saber

Emprestei borracha e lápis

Depois foi só escrever

Uns dias são mais ligeiros,

Afortunados na escrita

Outros saem bem brejeiros

Que importa se fico aflita

Desesperada… a escrever

Cantei hinos

Chorei trombetas

Derramei a minha veia

Quando as coisas ficam pretas

Sai o canto da sereia.

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quinta-feira, janeiro 07, 2010

"Dias"


Dias diferentes

Parecem iguais

Dias de outrora

Não voltam jamais.

Dias…

Dias esquecem-se

Que nada lembram

Dias enaltecem-se

Que sobressaem.

Dias…

Momentos lembrados

Momentos esquecidos

Presentes, instantes

Sempre vividos.

Dias…

Dias diferentes

Parecem iguais

Dias de outrora

Não voltam jamais.

Dias.

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