sexta-feira, setembro 11, 2015

“Infestação II”

Sinto os efeitos nefastos
Dos silêncios perturbadores
Nos meus pensamentos
Sinto o cheiro dos sulfitos
Nas palavras podres que leio
Adormeço nas luzes das trevas
Que embalam meus sonhos distantes
Desperto com os sons estridentes
Das gralhas que soletram, letra a letra
As músicas desconcertadas das sinfonias
Que diariamente nos assolam os pomares de rosas
Com picos de cardos, malcheirosas
       Infestadas de bichos peçonhentos
                            Aves agoirentas de bicos retorcidos, encardidos
Que esgravatam, bicam, picam,
Destroem, desertificam
        Sangues putrefactos que envenenam,
        Que sugam as linfas, os néctares puros.
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“Infestação I”

Canta o galo no poleiro
Há pulgas no galinheiro.
Dona Xica lá vai ela
Puxa o cão com a sua trela.

Comichão aqui, comichão ali
Rapa o pêlo em frenesim.
Fica a pôpa a descoberto
O gato foge, armado em esperto.
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“O Frio e a Zaragata”



 Era de madrugada
Ninguém saía nem entrava
Do porão do navio
Não se sentia o frio.

O calor era voraz
Num instante assou o goraz
Que não soube a safio
E este não estava frio.

De uma só penada
Entre o copo e a garfada
Rebentou um salsichão.

Houve muita zaragata
Apertaram o pescoço à gata
Rolou tudo pelo chão.
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